CRÍTICA | “A gente se vê ontem” traz o debate racial para dentro da Ficção científica

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Felizmente as produções negras vem aumentando e por consequência os gêneros passam também a ser variados. No filme mais recente da Netflix somos reapresentados ao conceito de viagem no tempo de uma maneira inovadora e mais social do que ficcional. A gente se vê ontem conta a história de dois jovens talentos da ciência que descobrem uma maneira de voltar no tempo, a ideia inicial seria apenas apresentar o projeto na feira de ciências da escola até que um jovem negro e inocente é morto pela polícia e eles precisam reverter a situação.

O diretor estreante Stefon Bistrol chegou já criando um nome, a direção do filme é extremamente pessoal e aconchegante. Ele não tem medo de ser cru nos momentos em que existe a necessidade de ser, mas não perde a sensibilidade quando é hora de mostrar a força e a união dos protagonistas. Stefon também participou do roteiro do filme, que é outro ponto forte. A relação familiar ainda que com pouco tempo de tela é estabelecida de uma maneira forte, as amizades e o contexto social retratados estão em evidência o tempo inteiro. Mesmo que seja um pano de fundo, como uma notícia na TV.

A gente se vê ontem é um filme que levanta a bandeira da diversidade, mas que também a carrega. Os protagonistas são negros, o coadjuvante é latino. C. J. Walker (Eden Duncan-Smith) é uma protagonista forte, inteligente e corajosa. Uma personagem que não tem medo de mostrar quem é, de botar a cara pra bater e de bater também quando necessário, aliada ao seu melhor amigo Sebasthian (Dante Crichlow) que aqui faz o papel do personagem que tenta acalmar a situação, que tem potencial para ser protagonista, mas aguarda seu momento de destaque. Uma direção que inverte os papeis de gênero é só mais uma das evidências para entender onde Stefon Bistrol fez escola. O filme conta com a produção de Spike Lee e é impossível não notar o dedo dele em vários momentos do filme.

A trilha sonora do filme é leve e descontraída, retrata bem as origens que são exibidas no longa, Brett Darmetko conseguiu aliar o tema de ficção com músicas mais jovens e menos artificiais. O plot principal do filme é a violência policial, não importa se existe o poder de voltar no tempo ou não, um jovem sempre será morto por um policial branco despreparado.

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A gente se vê ontem é curtinho são 80 minutos de duração e ainda assim é tempo suficiente para fazer toda a diferença em uma produção jovem e intimista, com cores alegres. Os tons do filme sempre muito saturados com tons de amarelo retratam muito da empolgação dos jovens, mesmo após uma morte violenta e o roteiro que cresce a cada linha de diálogo a trilha e os tons do filme continuam alegres porque é preciso manter o telespectador interessado para que a crítica funcione.

Stefon Bistrol optou por um final que traz mais perguntas do que respostas, mas faz todo o sentido dentro da ótica do filme. A questão principal é que com máquina do tempo ou sem máquina do tempo a violência policial contra jovens negros acontece todos os dias, todos os momentos e em todos os locais. O filme não é esperançoso, mesmo que seja fácil de assistir e de digerir na maior parte do tempo.

A gente se vê ontem é uma produção necessária, é importante e só ressalta ainda mais a necessidade de termos produções negras e histórias negras sendo contadas.

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Autor do Post:

Yara Lima

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Uma das fundadoras da Tribernna, estudante de comunicação social, nordestina e periférica. Divide o tempo entre ler, dormir e escrever por ai!

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