Emocionante. Assim pode ser resumido o livro “A Última Grande Lição”, de Mitch Albom, publicado no Brasil pela editora Sextante. A obra narra o reencontro de um ex-universitário com o seu professor, que batalha contra a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), mas ainda tem muito a ensinar ao antigo aluno.
Acredito que um dos medos da sociedade como um todo é, simplesmente, ser esquecido. Morrie, o antigo professor de Mitch, com certeza não corre esse risco. Ele foi eternizado neste livro, além de um filme homônimo, e com razão. É simplesmente incrível ler como foi a batalha do educador com a doença ELA, e como ele a encarou com leveza e sempre focando no aprendizado.
O livro é inspirador. Ainda estamos atravessando um momento atípico, mundialmente falando, e nossa visão pode estar um pouco nublada sobre o que importa na vida – e isso não é de hoje. “A Última Grande Lição” realmente nos ajuda a voltar a enxergar melhor, olhar para o que realmente importa. Como bem dito, a nossa cultura, de uma forma geral, chama a nossa atenção para coisas que, na realidade, não têm grande importância. E eu concordo muito com isso.
Claro que nem todos vão concordar com esse ensinamento. Afinal, ainda vemos conquistas materiais e tudo mais como algo extremamente importante. E nem julgo isso como errado, sendo bem sincero. Desde que tenhamos consciência de que há muito mais no mundo que merece nossa atenção e nossa energia. Não deixe para depois o amor que você pode dar agora. “Amem-se uns aos outros, ou pereçam”, como disse o poeta W. H. Auden, uma frase repetida à exaustão ao longo do livro. E o amor, neste caso, não há relação com romance.
A questão do amor é apenas uma das discutidas em todo o livro. Mesmo tendo sido escrito no ano de 1997, os problemas tratados na obra mostram-se extremamente atuais. Há um momento em específico que eu vejo ainda mais importante nos dias de hoje do que era nos anos 90. Quando foi a última vez que você “viveu” uma conversa, ignorando tudo ao redor? Não importava notificação em celular ou outros acontecimentos, apenas olho no olho e o que estava sendo falado? A obra mostra o quanto isso é diferencial na vida das pessoas.
O livro discorre sobre tudo isso. Fala de família, casamento, amor, desapego, morte, sentimentos, ensinamentos, religião, parceria, companheirismo, perdão, entre outras coisas. Pequenos detalhes que todos sabemos, mas insistimos em esquecer ou deixar de lado, conscientemente ou não. Aproveite a vida à sua maneira, e não como a cultura mundial a dita para você. Se não fez isso até agora, relaxa, nunca é tarde demais. A vida é curta, sim, mas é longa o suficiente para nos reinventarmos e evoluirmos diariamente. Como disse Mahatma Gandhi, e repetido no livro: “Toda noite, quando vou dormir, morro. E, na manhã seguinte, quando acordo, renasço“.
Eu sinceramente gostei de “A Última Grande Lição”. O livro, de fato, é um ensinamento. É triste, porém gostoso de ler, revigorante até. Nos lembra coisas importantes, nos mostra perspectivas que, por vezes, ignoramos. Dá um novo fôlego. E, acredito que, nesse momento que passamos, precisamos de mais fôlego. Verei o filme assim que possível. Abaixo, deixo uma passagem, entre tantas, que gostei bastante.
“E se hoje fosse meu último dia na Terra? […] Mitch, a cultura não nos ajuda a pensar nessas coisas quando a morte ainda parece longe. Vivemos tão enrolados em objetivos egoístas, carreira, família, ter dinheiro, pagar a hipoteca, comprar carros novos, consertar o aquecedor. Vivemos envolvidos em trilhões de pequenas coisas apenas para continuar tocando para a frente. Por isso, não adquirimos o hábito de dar uma parada, olhar nossa vida e dizer: é só isso? É só isso o que eu quero? Não está me faltando alguma coisa? […] Precisamos que alguém nos empurre nessa direção. Não é coisa que venha automaticamente”.
Eu sabia o que ele estava dizendo. Na vida, todos precisamos de professores.
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Autor do Post:
Henrique Schmidt
O louco dos livros, filmes, séries e animes. Talvez geek, talvez nerd, talvez preguiçoso, mas com certeza jornalista