Atenção: esta crítica contém spoilers do enredo.
O Som do Silêncio (Sound Of Metal) é um filme de drama que estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto de 2019 e depois fez sua estreia nos cinemas e no streaming Prime Video em setembro de 2020. O filme é roteirizado e dirigido pelo diretor estreante Darius Marder e produzido por Bert Hamelinck.
Nesse filme acompanhamos a jornada de Ruben (Riz Ahmed), um ex-viciado em heroína e baterista de uma dupla de metal chamada Blackgammon junto com a sua namorada Lou (Olivia Cooke), que do nada começa a perder sua audição quando eles finalmente conseguiram a tão sonhada turnê internacional.
Ruben (Riz Ahmed) e Lou (Olivia Cooke). Foto Reprodução:Amazon Prime Video, 2020.
Feche seus olhos e imagine como seria se você nunca mais pudesse ouvir sua música favorita, ouvir o som da voz das pessoas que você ama, ouvir o som da risada delas. Você nunca mais vai ouvir pássaros cantando, o som da chuva, do mar ou aquele som gostoso da correnteza de um rio. Você consegue imaginar como isso seria pra você? Você já parou pra pensar em todos os sons a sua volta?
Agora imagine você perder aquilo que faz de você quem você é.
É isso o que acontece com o Ruben, ele perde a audição e não pode mais fazer aquilo que ele mais ama, que é sua música. Ele procura um médico especialista e faz diversos exames e com eles ele descobre que a audição que foi perdida não pode ser revertida e que o dano é permanente. O que pode ser feito é um procedimento cirúrgico para implementação de implantes para que ele mantenha o que ainda resta e poder usar um aparelho auditivo, mas sua audição nunca mais será como antes.
Sua namorada teme que ele possa voltar a usar drogas, já que o próprio Ruben repete várias vezes que a Lou salvou sua vida, e insiste para que ele procure um lar de reabilitação para surdos para evitar uma recaída. Só que ainda havia a turnê e Lou segue sozinha, mas não antes de fazer com que Ruben prometa que não se machucará, porque se ele se machucasse, ela também se machucaria.
Ruben (Riz Ahmed) e Lou (Olivia Cooke). Foto Reprodução:Amazon Prime Video, 2020.
A partir daí, vemos o período de adaptação de Ruben com sua nova condição, mas o objetivo dele é fazer a cirurgia para voltar a ouvir porque ele quer ser quem ele é, ele quer sair em turnê com a mulher que ele ama.
No centro de reabilitação, as pessoas não consideram que a surdez seja um problema, mas mesmo assim, tudo o que o Ruben quer é ouvir novamente. Depois do período de desespero por não conseguir ouvir, ele passa por um longo período de negação e tenta a todo custo conseguir dinheiro para a cirurgia (já defendeu o SUS hoje?) e vende seu trailer que outrora fora sua casa com a Lou, com todos os seus instrumentos e equipamento. Ele faz a cirurgia, coloca os implantes e, quando ele finalmente vai testar como é ouvir, o som não é bem como ele imagina que seria.
Joe (Paul Raci) e Ruben (Riz Ahmed). Foto Reprodução:Amazon Prime Video, 2020.
O filme está nomeado ao Oscar em 2021 em 6 categorias: Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Ator por Riz Ahmed, Melhor Ator Coadjuvante por Paul Raci, Melhor Edição e Melhor Som.
Sem dúvidas o filme merece sim todas as indicações que recebeu. É um drama muito bem montado e dirigido, com um roteiro original belíssimo, sensível e forte.
A atuação de Riz Ahmed é com certeza o maior destaque do filme. Você assiste e sente o que ele sente até nos seus olhos. É como se o sofrimento saísse pelos poros dele e chegassem até o telespectador como se te desse um tapa na cara, gritando “olha pra mim, eu sou um filme de drama caralho!”. Com certeza a indicação de Melhor Ator no Globo de Ouro e tantas outras indicações e prêmios vencidos por ele foram merecidos. (Até o momento da publicação deste texto, ele venceu 20 prêmios de Melhor Ator por esse papel.)
Ruben (Riz Ahmed). Foto Reprodução:Amazon Prime Video, 2020.
A Olivia Cooke também dá um show. Diferente da menininha frágil e doce que era a Emma de Bates Motel, aqui ela é uma mulher que precisa deixar o seu amor pela carreira, mesmo nas condições em que o namorado se encontra. Mesmo que a escolha dela seja cruel com Ruben, em nenhum momento vemos que não há dor da parte dela na sua despedida.
O recurso auditivo no filme é muito bem utilizado e é protagonista junto com o Ruben aqui. Conseguimos ouvir o que o Ruben ouve e não ouve, conforme o ponto de vista e essa jogada da direção magnífica do Darius Marder, além dos jogos de câmera que foca muito no rosto do Ruben, trazem uma imersão única. É impossível não sentir o que o Ruben sente, não querer gritar com ele e chorar também. A não ser que você seja uma pedra, claro.
No fim, O Som do Silêncio é um filme triste, há muito tempo eu não me emocionava tanto com um filme desse jeito. Não tem como você não se sentir triste com ele, mas não vou lhes contar o final. Recomendo que tirem um tempo e deem uma chance, assistam de preferência com fones de ouvido ou em um ambiente silencioso, vale a imersão.
Você encontra O Som do Silêncio no catálogo do Prime Video. A lista completa dos indicados ao Oscar que estão nos serviços de streaming você encontra aqui.
Nota: 5/5
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Autor do Post:
Jessica Rodrigues
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Darkzera do cerrado tocantinense, apaixonada por terror e romances boiolinhas, às vezes podcaster e, definitivamente, louca das plantas e dos gatos.