CRÍTICA | “Sombra e Ossos” tem tudo o que uma série de fantasia precisa

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Sombra e Ossos (Shadow and Bone) é uma série original Netflix criada por Eric Heisserer. A série é baseada nos livros da autora israelita Leigh Bardugo, a Trilogia Grisha (cujo nome do primeiro livro deu nome à série) e a duologia Six of Crows. A primeira temporada estreou em 23 de abril na Netflix.

A série de passa no país fictício chamado Ravka, onde há muito tempo uma barreira sombria chamada A Dobra, povoada por seres sobrenaturais que comem carne humana, divide o país dificultando o comércio e transporte, além de ser um risco à vida dos ravkanos. No meio disso tudo e da guerra, uma jovem órfã que trabalha como cartógrafa para o exército descobre que possui um poder que pode finalmente unir o país e trazer a paz, mas esse poder pode também colocá-la em risco.

Acompanhamos então a jornada de Alina Starkov (Jessie Mei Li) enquanto ela precisa abandonar sua vida como cartógrafa e seu melhor amigo Malyen “Mal” Oretsev (Archie Renaux) para aprender a usar o seu poder com os outros grishas, sob o comando do belo (muito muito muito mesmo) e misterioso General Kirigan “Darkling” (Ben Barnes).

Mal (Archie Renaux) e Alina (Jessie Mei Li). Foto Reprodução:Netflix, 2021.

A série tem toda uma ambientação super bem feita. As cidades são incríveis, os cenários de guerra, os figurinos são muito detalhados, a maquiagem, tudo mesmo! Nesse quesito, Sombra e Ossos não perde em nada para as grandes produções de fantasia e a produção fez uma adaptação muito bem feita quando comparado ao que se imagina quando lemos os livros. 

O elenco inteiro está muito bem em seu papel. Eles são carismáticos e suas atuações não deixam em nada a desejar, considerando que muitos deles são atores estreantes em grandes produções, como a nossa protagonista Jessie Mei Li, mas isso não os impede de entregar tudo em cena. 

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E se tratando de elenco, preciso citar aqui a interpretação de Ben Barnes como o Darkling. Ele praticamente nasceu para ser o General Kirigan! A maneira como ele fala, como olha, como se porta, tudo. Ficou exatamente como eu imaginaria que o Herege Negro seria em live action. Eu ficaria o dia inteiro assistindo ele falar e passo pano sim, e daí que ele é o vilão? 

Alina Starkov (Jessie Mei Li) e o General Kirigan (Ben Barnes). Foto Reprodução:Netflix, 2021.

Outro ponto positivo no elenco é a diversidade. Parece que finalmente teremos cada vez mais a inclusão de diferentes raças e etnias no cinema e na televisão. Mesmo que ainda não seja o suficiente, estamos caminhando para que a representatividade realmente seja o mais próximo do real. No começo da série vemos que a Alina sofre de racismo pelos seus traços orientais, que mostra que há uma preocupação em trazer essa reflexão para as telas. Também vemos relacionamentos homossexuais acontecendo, mesmo que rapidinho, de forma natural, como deve ser. Sem forçar nada, como tudo o que acontece na série parece fluir naturalmente. 

A primeira temporada é baseada no primeiro livro da Trilogia Grisha, mas também vemos personagens da duologia Six of Crows, que acontece 2 anos após o fim da Trilogia Grisha. Para isso, foi criada uma história exclusiva para a série onde acompanhamos um prelúdio do trio vigarista Kaz (Freddy Carter), Jesper (Kit Young) e Inej (Amita Suman), que trazem mais um ponto de vista à história, já que se fosse só com primeiro livro da trilogia, teríamos apenas o ponto de vista da Alina na história. O arco deles talvez seja o melhor da série inteira. Eles são engraçados e extremamente carismáticos, especialmente o Jesper, que protagoniza cenas dignas de filmes western italianos da década de 1960. 

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Jesper (Kit Young), Inej (Amita Suman) e Kaz (Freddy Carter). Foto Reprodução:Netflix, 2021.

Outros personagens de Six of Crows que também dão as caras aqui são Nina (Danielle Galligan) e Matthias (Calahan Skogman). A jornada deles foi bem menos abordada do que o arco dos vigaristas, o que seria um ponto fraco se não fosse, mais uma vez, o carisma dos personagens. Numa próxima temporada, espero que eles não sejam esquecidos no churrasco. 

Quanto aos pontos negativos na série, eu diria que são poucos. Acho que o que mais pega é que a série não se preocupara em explicar nada sobre o que é cada coisa, sem introduções nem nada e isso atrapalha um pouco para que o telespectador consiga se prender no primeiro episódio sem ter lido o primeiro livro. Claro que não é nada de muito preocupante, pois quando a série engrena, não dá pra parar sem querer saber o final.

Em comparação com os livros, a produção deixa claro que não é uma adaptação e sem uma série baseada no universo criado pela Leigh Bardugo. Algumas cenas foram alteradas, como a do beijo entre a Alina e o General Kirigan. No livro, o Darkling beija ela do nada e na série, é Alina quem o beija (e quem não o beijaria, não é mesmo?). Essa alteração foi feita para tratar do consentimento. Também foram criados personagens extras e um “passado” triste para o Darkling, onde ele cria a Dobra após a mulher que ele amava ser assassinada pelos homens do rei. Tudo isso fez a história ficar ainda mais encaixadinha e só deixaram a série melhor do que seria se fosse apenas fiel ao livro.

Muitas pessoas têm comparado Sombra e Ossos com Game Of Thrones (HBO, 2011-2019), mas essa é uma comparação totalmente sem sentido. Ambas são séries de fantasia muito detalhistas em sua ambientação e é só isso. Na minha opinião, acho que o legado de GOT não pode ser esquecido, mas essas comparações com toda série de fantasia que surgir é besteira, o período de luto já passou. Por favor órfãos de GOT, não tumultuar

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Para concluir, Sombra e Ossos é uma série gostosinha de assistir e me deu uma ver mais e mais, há tempos eu não via uma série de fantasia tão bem feita com uma história tão cativante. Com certeza vale o play e com certeza vale ler os livros também! A leitura é rapidinha e a história é uma delícia.

Sombra e Ossos está disponível no catálogo da Netflix.

NOTA: 4,1/5

Autor do Post:

Jessica Rodrigues

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Darkzera do cerrado tocantinense, engenheira florestal, ilustradora botânica e médica de plantinhas; apaixonada por terror e romances boiolinhas, às vezes podcaster e, definitivamente, louca das plantas e dos gatos.

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