CRÍTICA | 2ª temporada de “Segunda Chamada” é ainda mais emocionalmente impactante do que a primeira

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Chegamos ao novo ano letivo da escola pública mais amada do Brasil. “Segunda Chamada” estreou a sua segunda temporada na Globoplay recentemente. Se, ao fim da primeira temporada, eu tive medo do que poderia vir a ocorrer no segundo ano da série, esse medo se mostrou infundado. Isso porque, inclusive, a série ganhou em profundidade.

Se por um lado, eu admito que eu amo a protagonista Lúcia, interpretada pela talentosíssima Debora Bloch, por outro eu admito que ela me irrita e, assim como é um dos pontos altos da série, também é um dos pontos baixos. Isso porque, Sonia não tem limites e tem uma síndrome gigantesca de salvadora de todo mundo. Ela, simplesmente, quer se intrometer em TODOS os assuntos, o que desgasta a imagem da personagem, mesmo com todas as lutas sendo dignas.

Já Eliete, vivida por Thalita Carauta, continua sendo uma das principais personagens da trama. O seu envolvimento com Jacir, interpretado por Paulo Gorgulho, não atrapalha o seu desenvolvimento. Pelo contrário, permite que o personagem de Gorgulho cresça continuamente e faça um bom contraponto com a angelical Lúcia.

No entanto, pelo lado dos professores, os arcos de Marco André, interpretado por Silvio Guindane, e de Sonia, vivido por Hermila Guedes, são os mais interessantes. Após descobrir, ainda na primeira temporada, quem é sua mãe biológica, Marco André, extraclasse, vive na corda bamba entre se envolver ou não nos problemas familiares biológicos.

Já Sônia, de saída de um relacionamento extremamente abusivo, que foi além da toxicidade psicológica e chegou ao físico, segue em crescimento, se desprendendo e superando o seu passado. Ao mesmo tempo que isso acontece, Sônia também busca o equilíbrio entre não privar os seus filhos do contato com o pai. Se eu concordo ou discordo, não vem ao caso. O fato é que, lidar com o ex abusivo se torna ainda mais complicado quando há família no meio. Isso é um problema real, enfrentando por x mulheres em todo o mundo.

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Crédito: Maurício Fidalgo/TV Globo

Se pelo lado dos professores conseguimos enxergar essas nuances, pelo lado dos alunos é um pouco mais complicado. Isso porque, “Segunda Chamada” coloca sob o holofote diferentes estudantes, de diversas idades, com problemas diversos. Há casos de alcoolismo, de analfabetismo, de acessibilidade, de pessoas em situação de rua, de preconceito indígena, de violência doméstica, feminicídio, entre muitos outros. Não poderei me estender nestas questões para que a resenha não fique do tamanho de um TCC.

Para exemplificar essas situações, tanto aquelas vividas por alunos quanto as vividas pelos professores, em muitos casos a série vai até extremos. No entanto, dentro do contexto da obra, é totalmente compreensível que busque as representações de maneiras tão extremas e gráficas e não apenas nas entrelinhas. O intuito é chocar, gritar por atenção. Por isso, é um acerto gigantesco.

Eu me emocionei em todos os episódios da segunda temporada, chegando às lágrimas em mais de uma situação. Sim, eu sou uma pessoa chorona. No entanto, o impacto emocional da segunda temporada é ainda maior do que o do primeiro ano da série. Até porque, por mais que o arco do filho da protagonista fosse interessante, até para demonstrar como a homofobia tem mais de uma forma de matar, ele foi extenso demais, sendo forçado um mistério longo, quando não havia necessidade. Claro que o arco foi estendido devido ao luto de Lúcia, que foi muito bem apresentado por Debora Bloch, no entanto, ainda assim, ficou longo demais, chegando a estar cansativo.

Na segunda temporada, com esse arco sendo superado, a história se tornou mais dinâmica, com muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e, a principal delas: o eterno descaso com a educação brasileira, principalmente o ensino noturno, no qual muitas pessoas encontram a chance de recomeçar, de ter uma nova chance na vida. Claro que sabemos que apenas a Educação, de forma isolada, não resolverá. Mas é um primeiro passo.

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Por isso, indico “Segunda Chamada” para todas as pessoas do Brasil. A série da Globoplay é mais do que entretenimento, mas é um grito, um pedido de ajuda, de socorro, para a educação brasileira. Olhemos com mais atenção para quem precisa de ajuda. Estendamos a mão até onde podemos auxiliar. Uma campanha como o Setembro Amarelo precisa ir além do nome, além de apenas discutir saúde mental. Precisamos chegar até alguns pontos que podem resultar em danos à saúde mental. E, em “Segunda Chamada”, muitos deles são apresentados.

Sinopse:

No ensino noturno para jovens e adultos da EE Carolina Maria de Jesus, Jaci, Lúcia, Eliete, Marco André e Sônia trabalham em prol do poder de transformação social da Educação.

Trailer da segunda temporada:

NOTA: 4,5/5

Autor do Post:

Henrique Schmidt

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O louco dos livros, filmes, séries e animes. Talvez geek, talvez nerd, talvez preguiçoso, mas com certeza jornalista

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