Rick and Morty é uma série do canal Adult Swim que trata de multiverso de forma divertida e inusitada.
Rick and Morty sempre foi conhecida pela sua fórmula única e original o que a série sempre se preocupou em manter. A falta de compromisso com uma trama central, mas sem deixar que isso estrague a construção de uma.
Com o tempo nós fomos vendo que alguns elementos que nos iam sendo apresentados faziam parte de algo maior. Como Evil Morty, a ‘Cidadela dos Rick’s’ Bird Pearson, a federação galáctica entre outros.
Muitas vezes para mostrar que, nada realmente é importante, a série resolveu esses problemas que poderiam durar muitos episódios em metade de um episódio com uma solução simples, já que Rick se tornou o próprio ‘Deus ex machina’ tirando uma solução inusitada da manga sempre que precisa. O que não estraga a experiência, já que com o tempo isso acabou se tornando uma característica de Rick. Quase que um traço de sua personalidade. Fazendo com que o espectador sempre imagine, que qualquer que seja a situação, não será um empecilho para o protagonista.
Mas até que ponto isso pode ser perigoso para a trama?

O perigo maior é querer ser tão ‘diferente e inovador’ que acaba se tornando previsível a ponto de quando se tenta seguir uma trama central acaba não ficando natural. Os elementos que antes pareciam surgir naturalmente, agora são meio jogados e muito mal utilizados. A série se preocupou tanto em deixar claro que ‘nada realmente importa’ que agora parece não conseguir mais voltar atrás.
Com exceção da resolução do problema: Beth é ou não um clone, que fazia parte de algo que tinha sido construído em mais de um episódio, nada realmente é inventivo surpreendente e inovador.
Me lembro bem quando o Evil Morty apareceu na terceira temporada, trazendo um dos melhores episódios da série. Que até então me parecia algo mais cíclico com o – tudo se resolve no final – em quase todos os episódios, já que como eu disse antes, quando nos era apresentado algo com potencial de se tornar uma trama central, logo era resolvido. Mas com Evil Morty não, o vilão era implacável e tinha até música tema própria, que só de ouvir já dá arrepios. O personagem foi responsável por várias teorias e por movimentar o Fandom. Nessa temporada até tivemos um episódio com ele, que não deu um novo fôlego para a trama dele e nos fez perguntar: O que Rick vai fazer agora?
Apesar do ótimo “Cliffhanger” o episódio em si não foi bem executado. A ideia era boa, mas a execução não foi das melhores.
E assim foi toda essa temporada, ótimas ideias mal executadas por um excesso de preciosismo em não perder a fórmula Rick and Morty de contar histórias. A preocupação com o absurdo e o escândalo, que os diálogos filosóficos que antes eram uma marca principal da série se perderam diante do escracho. Não que Rick and Morty deva ser tema de tese de mestrado em filosofia, mas o que vimos ficou bem longe do “existence is pain” que tínhamos antes.

Rick é o personagem mais afetado. Com exceção de um episódio ou outro, o personagem perdeu sua essência, ele agora é apenas o grande cientista que busca incessantemente alguma forma de preencher seu vazio existencial, o que sim já fazia parte da sua personalidade. Mas esse é o único traço marcante de personalidade, o que pra mim o torna apenas um Bojack Rorseman com um ego mais inflado, se é que é possível.
Os outros personagens da série até que estão mais maduros, os anos junto com Rick os fizeram aprender e evoluir com as situações. O próprio Morty, hoje ele é muito menos ingênuo, é muito mais inteligente do que na primeira temporada. O que é bom para o personagem, já que mostra uma evolução do mesmo.
Rick and Morty ainda é uma das melhores séries adultas da atualidade, porque toca em pontos que a maioria só arranha. Mas a série precisa evoluir urgentemente, ou apenas abraçar de vez o absurdo e se tornar um South Park no espaço. Está na hora dos criadores da série deixarem de ser como o Rick e se importar mais com o que acontece com a Família Smith.
A quinta temporada está disponível no HBO MAX.
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Nota: 3,0/5
Autor do Post:
Gladimir Carvalho
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Um lufano, que jamais abandonaria os amigos, como Samwise Gamgee não abandonou Frodo. Cinefilo quando dá. Aprendiz de Otaku, que sempre antes de tomar uma decisão importante, se pergunta: O que o Naruto faria no meu lugar? Podcast: @adultojovem