CRÍTICA | Com carinha de Oscar, “Spencer” revela um dos melhores desempenhos da carreira de de Kristen Stewart

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Uma das personalidades mais queridas do mundo serviu de inspiração ainda em vida a milhares de pessoas e após sua morte em diversas produções cinematográficas e televisivas. A eterna Princesa Diana sempre foi um objeto sedutor do audiovisual para a retratação da sua conturbada vida na realeza, além de suas lutas internas e seu casamento nada feliz. Após vermos tantas produções retratando os mesmos acontecimento chega ser difícil achar que hoje seremos surpreendidos com algo que aposte além do visual impecável e a fidelidade a eventos históricos. No entanto, “Spencer” veio mostrar um ponto fora da curva da vida Lady Di, mostrando uma visão diferente de problemas já abordados de formas superficiais.

Com a direção de Pablo Larraín e roteiro de Steven Knight, o filme que levou o sobrenome de solteira de Lady Di é ambientado no  feriado do Natal de 1990 com a família real na propriedade de Sandringham, em Norfolk, Reino Unido. Como é sabido, este feriado antecedeu o divórcio entre Diana e Príncipe Charles, logo o filme serve como o estopim que motivou a princesa a tomar tal atitude. 

Com Kristen Stewart protagonizando quase que majoritariamente sozinha, o filme tenta desvencilhar a imagem da “Princesa do povo” e traz um lado mais humano, uma princesa carente de afeto e um ser humano quebrado pela realeza. Stewart se transforma ao dar a vida a uma versão mais frágil e caótica da Princesa, sua voz, seu andar, seu sotaques e até seus trejeitos tornam a atriz irreconhecível, sendo claro quão fundo Kristen mergulhou pra viver uma mulher perdida e desesperada por um controle que não tem. 

Apesar do filme manter Stewart em um holofote a todo momento, os demais personagens acabam servindo de acessórios para a trama, construindo um ambiente hostil, manipulador e uma sensação de enclausuramento. A ambientação também contribui muito com essa sensação claustrofóbica, criando uma prisão domiciliar e lembrando a todo momento que todos escutam tudo na casa, vemos a sanidade esvaindo pelos dedos de Diana gradativamente. Não há histórias paralelas ou sub tramas, “Spencer” é inteiramente focado em entender o que se passou com Diana durante os três dias de feriado natalino. 

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É de conhecimento geral que a princesa enfrentava compulsões alimentares durante sua vida, principalmente após os escândalos de traição durante seu casamento. No entanto, sempre notei que isso foi mostrado de forma superficial como se fosse apenas mais um aspecto em sua vida. Aqui, em “Spencer“, vemos o assunto ganhar uma nova perspectiva, a sua doença é atrelada aos sentimentos e a situações específicas, o que constrói melhor sua personalidade e gere uma compreensão maior pelas suas atitudes impulsivas e rebeldes perante à coroa.

O lado humano de Diana também é evidenciado na relação com seus dois filhos, que em algumas cenas provaram ser o elo que a princesa precisava para garantir sua sanidade. A relação entre os três é tão palpável, tão complexa e intensa que o espectador acaba entendendo o porquê os filhos guardavam uma admiração gigantesca pela mãe.

Vale mencionar que além do roteiro intimista e da direção de tirar o fôlego, toda a ambientação do longa bem como a caracterização dos personagens e seus figurinos foram executados de forma primorosa e de belíssimo bom gosto, remetendo a peças já conhecidas da família real e causando uma sensação de nostalgia a história. Já a trilha sonora a todo momento serviu como muleta aos sentimentos da protagonista, mesmo não sendo um grande ponto forte do filme, foi de suma importância para a valorização de cenas que contavam apenas com a performance corporal de Stewart.

Em suas quase 2 horas de filme a história explora afinco o ponto de vista da Diana de sua própria história, deixando de lado a mídia ou a opinião de outros membros da família real, ela é a protagonista e tem sua própria voz, por mais que em vida ela não gozou desse privilégio. “Spencer” consegue exprimir com louvor a sensação de desespero que Diana tinha por ansiar ter o controle de sua vida, e como o descontrole era sua única forma de ter controle de algo, moldando uma história capaz de emocionar e comover até quem nunca admirou a princesa. A injustiça, o enclausuramento e o pedido de socorro silencioso foram pilares para a construção de um filme cuja atuação de Kristen Stewart é digna de Oscar.

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Nota: 4,5/5

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Autor do Post:

Ludmilla Maia

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25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.

Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.

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