CRÍTICA | “Profecia do Inferno” explora o terror do fanatismo religioso em uma história com mais perguntas do que respostas

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Em um futuro distópico regido pelo temor de uma sentença divina, “Profecia do Inferno” explora afinco o terror causado pelos humanos ao manipular uma nação pelo sentimento mais primitivo que conhecemos: o medo, apoiando na fé e, é claro, em acontecimentos pra lá de bizarros que começam a acontecer em Seul.

Os minutos iniciais já mostram como os 6 episódios serão: bizarros, sangrentos e com um CGI de péssima qualidade. Mas convenhamos, nem a computação gráfica, nem os monstros são os verdadeiros protagonistas dessa história. Por mais que a trama em si aborde o fato de seres monstruosos chegarem à Terra com o único proposito de enviarem pessoas aleatórias para o inferno, o enredo vai além disso, a narrativa aposta em aprofundar no reflexo humano de se aproveitar da situação e moldar uma nação ao seu dispor.

Todo terror e caos, gerado devido ao pavor de serem sentenciados a qualquer momento, é desenvolvido de forma esplêndida, a medida que a história evolui padrões começam a surgir, sendo possível até fazer um paralelo com a nossa vivência atualmente, o que eleva um pouco do nível de pânico do espectador que acaba enxergando a realidade nas técnicas de manipulação da mídia e de líderes. 

O que era para ser uma história de terror com monstros e mortes explícitas acaba se transformando em uma reflexão sobre como o ser humano consegue ser a sua pior versão no pior momento da humanidade. Não foi preciso o fim do mundo chegar para que fosse exaltado esse lado, pelo ao contrário, os eventos mostram que isso é capaz de gerar realmente o fim do mundo, ainda mais pelo fato de acompanharmos a criação de um grupo radical que açoita a população a bel prazer.

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Sabendo que é do mesmo diretor de Invasão Zumbi, chega ser compreensível entender o porquê “Profecia do Inferno” é sobre humanos e não o inferno em si. Até porque fica claro nos episódios que os monstros não escolhem somente pecadores, e, principalmente, que o medo da população nunca foi pecar e sim ser pega/escolhida.

Apesar de todo regime regido pelo medo de morrer da forma mais bruta possível (além do alvo que sua família acaba se tornando) ter sido algo extremamente bem trabalhado no k-drama, ele deixa a desejar no desenvolvimento de diversos pontos abordados ao longo da história. Ainda que tenha apenas 6 episódios, a produção acaba deixando mais pontas soltas do que deveria. Você acaba a história sem saber o porquê da existência dos monstros, qual é a lógica das profecias (se existe alguma), por que o primeiro presidente criou essa grande seita, onde estão determinados personagens que simplesmente somem da história… essa são apenas algumas das perguntas que simplesmente pairam no ar sem solução algum. FORA AQUELA DA CENA FINAL: O QUE ACONTECEU MINHA GENTE?

Não há enrolação nos episódios, não há tempo para isso, até porque “Profecia do Inferno” acaba dividindo a história em duas partes, antes da Nova Verdade e pós doutrinação da Nova Verdade, logo, inserindo praticamente dois novos núcleos de elenco e novas histórias. E aí que mora o perigo, o que deixa transparecer é que há uma sede em inserir desesperadamente muitas coisas ao mesmo tempo, sem ligar muito para explicar alguns pontos cruciais.

O episódio final merece um destaque por aqui, apesar do primeiro episódio ter marcado bastante com seu início alá Black Mirror com o mundo ansiando para assistir outra pessoa morrer, o final do k-drama toca no ponto mais sensível ao trazer à luz da trama um bebê como vítima, nos fazendo questionar o limite da humanidade e também até onde é possível ir o amor dos pais. Uma baita conclusão emocionante para uma história que eu esperava ganhar somente terror e monstros.

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Ainda assim, ao fim “Profecia do Inferno”  deixa um gostinho de quero mais, com um terror psicológico de qualidade, o k-drama também entrega momentos e situações dramáticas capazes de fazer o espectador se emocionar e começar a criar mil teorias. Encerrando com um gigantesco cliffhanger, a produção deixa uma obrigação de dar continuidade a uma história que pode abordar a reconstrução de uma sociedade em sua continuação, além da possível descoberta desses seres e suas profecias, afinal dão nome a história. 

Nota: 3,5/5

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Autor do Post:

Ludmilla Maia

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25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.

Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.

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