O novo drama estrelado por Sandra Bullock estreou na Netflix na última sexta (10) trazendo uma intensa reflexão sobre a ressocialização de condenados, que já pagaram pelos seus crimes, através de uma história inteligente, coesa e realmente muito surpreendente.
Assinado pela direção de Nora Fingscheidt, “Imperdoável” é baseado na minissérie britânica de mesmo nome que aborda a história de Ruth Slater (Sandra Bullock) que retorna ao convívio em sociedade após cumprir 20 anos de prisão, devido a um crime pra lá de violento e chocante. A história acompanha seu retorno para sociedade e a sua tentativa de reencontrar sua irmã que não a vê desde do crime em questão.
Durante as quase 2 horas de filme, o enredo nos leva a refletir sobre a punição eterna que um condenado vive, sem vitimizar ou inocentar a protagonista, o longa consegue colocar em evidência que a ressocialização é um mito, a prisão é eterna e a liberdade é algo dado apenas em teoria. Conseguimos ver a protagonista presa em situações que jamais poderá sair, em uma realidade que nunca poderá renegar e seu passado que é impossível de se fugir.
O filme está longe de perdoar o crime pelo qual foi julgada ou tirar o peso que um homicídio carrega, até porque isso é algo enfatizado a todo momento. No entanto, ainda assim é capaz de sentir a jaula em que a protagonista vive, ainda que todo trâmite legal tenha sido cumprido devidamente, a sensação que nos é passada é de uma eterna prisão.
A overdose de drama é fornecida através da atuação de Sandra Bullock, que entrega uma mulher cheia de cicatrizes e traumas, com um passado doloroso e sem perspectiva de um futuro minimamente bom. Todos seus trejeitos, voz e o olhar vazio contribuem para a criação desta mulher infinitamente complexa em uma história completamente dolorosa.
A trama alimenta a curiosidade sobre seu crime em formas de flashbacks, que acabam criando uma narrativa linear na mente do espectador que é surpreendido ao fim com a grande revelação. O impacto de quando a verdade é evidenciada se dá graças a escolha que a narrativa tomou em nos dar migalhas ao longo do filme, principalmente em momentos que o trauma da protagonista era instigado.
Ainda assim, a atuação mais uma vez foi responsável pela dose extra de drama na história. Graças ao desempenho extraordinário de Viola Davis contracenando com Bullock, que o plot twist do filme ganha uma importância e um peso maior na história. A cena que expõe dois lados opostos entra em combustão em uma intensidade explosiva e encontra em um ponto em comum o amor protetor de um guardião. A cena é de tirar o fôlego e pode nos garantir uma indicação ao Oscar do ano que vem.
“Imperdoável” é um filme cujo atuação é o seu maior ponto forte, as mulheres do longa foram capazes de entregar uma história pesada, reflexiva e intensa. Tanto na atuação, quanto na direção, o longa consegue executar com maestria o que propõe a se fazer, sem tomar lados, mostrando um fato difícil de digerir, ainda mais quando falamos sobre a eterna punibilidade de um ser em ressocialização.
Nota: 5/5
Autor do Post:
Ludmilla Maia
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25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.
Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.