CRÍTICA | Em uma analogia aos dias atuais, “Não Olhe para Cima” satiriza a manipulação da massa e a descredibilização da ciência

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Com a direção e roteiro de Adam McKay, “Não Olhe para Cima” estreou nesta véspera de Natal (24) na Netflix com grande elenco, incluindo nomes como Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett e mais.

Em “Não Olhe para Cima” acompanhamos a história de Randall Mindy (DiCaprio) e Kate Dibiasky (Lawrence), dois astrônomos que fazem uma descoberta surpreendente de um cometa orbitando dentro do sistema solar que está em rota de colisão direta com a Terra. Com a ajuda do doutor Oglethorpe (Rob Morgan), Kate e Randall embarcam em um tour pela mídia que os leva ao escritório da Presidente Orlean (Streep) e de seu filho, Jason (“Não Olhe para Cima“). Com apenas seis meses até o cometa fazer o impacto, gerenciar o ciclo de notícias de 24 horas e ganhar a atenção do público obcecado pelas mídias sociais antes que seja tarde demais se mostra chocantemente cômico.

A trama é bastante fácil de entender, principalmente pela similaridade com nossa realidade. Não, não temos um cometa rumo à Terra, mas enfrentamos nos últimos 2 anos nosso próprio apocalipse. Com uma narrativa bem fluída, o filme deixa claro que todo seu enredo é uma grande analogia sátira (bem crítica) ao mundo moderno, como lidamos com as informações fornecidas pela mídia e a prioridade da massa em escolher a alienação em vez da informação.

Quando falamos da atuação e da criação dos personagens não há literalmente nenhuma coisa de negativa a falar. Todos os envolvidos desempenharam com perfeição os papeis que foram fornecidos, causando repúdio e familiaridade com diversos eventos e atitudes, principalmente politicamente. DiCaprio nos presenteia com uma atuação “bomba-relógio”, evoluindo o personagem de um ponto ao outro extremo, sendo manipulado junto com a massa e soltando todo medo pelo fim em uma das melhores cenas do filme. 

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As demais pequenas participações especiais como Ariana Grande, Chris Evans e Timothée Chalamet não contribuem efetivamente com a história em si, mas nos ambienta em uma realidade quase-diatópica, enfatizando que ela não é tão diatópica assim quando cria personagens tão semelhantes com tipos de pessoas hoje em dia; como aquele artista que tem medo de se posicionar ou aquele que se posiciona quando convém (ou quando não tem mais saída). Aposto que você já pensou em meia dúzia de celebridades apenas com essa identificação.

O grande acerto do filme foi mirar na sátira ao criticar os dois últimos anos que passamos. Acertando em cheio em um humor bem característico do diretor a mensagem do filme é atingida em cheio no espectador, que compreende todas as analogias aplicadas sem ser algo maçante e pesado de assistir. É fácil “se enxergar” no filme, principalmente com as redes sociais tão presentes e na distorção do foco, que é transformada em challenges e memes.

Em movimentos opostos, a trama brinca com a frase que deu nome ao filme, separando em dois grupos bem identificáveis com a nossa realidade, os negacionistas e os realistas. Algo que, mais uma vez, se assemelha com a nossa realidade. O grande alvo de crítica do filme com certeza é a descredibilização da ciência, trazendo em tela o desespero visível dos protagonistas e as consequências desastrosas ao fim.

Apesar de ser recheado do início ao fim de um humor bem farofa, “Não Olhe Para Cima” critica com perfeição a sociedade atual, seja em sua manipulação de informações ou em suas prioridades, sendo possível associar com a pandemia facilmente. Além da construir personagens que conseguem ser ligados a personalidades detentoras de poder em nossa sociedade, o filme reforça que o pior cenário da humanidade irá vir quando dermos as costas à ciência.

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Nota: 5/5

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Autor do Post:

Ludmilla Maia

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25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.

Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.

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