CRÍTICA | “Harry Potter: De Volta a Hogwarts” é sobre família, amor e carinho a uma das sagas mais marcantes do cinema

Em um documentário visualmente belíssimo e um tanto quanto nostálgico, Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint retornam ao castelo onde tudo começou há 20 anos. Em uma jornada emotiva, o especial faz uma retrospectiva em todos os filmes da franquia Harry Potter e enfatiza o laço criado pelo elenco, que vira uma família após 10 anos de filmagens.

O começo, ainda que atuado e transformado numa “esquete”, é acolhedor. Vemos alguns atores recebendo a tão sonhada carta de Hogwarts, retornando ao castelo e entrando em um saguão decorado de forma festiva. Apesar de grande parte do elenco principal não ter participado desse momento inicial, o reencontro dos atores ali presentes é o pé direito para o início de uma jornada emotiva de quase 2 horas de duração.

O formato do especial é interessante e condiz com a temática. Ao contrário da reunião de Friends, por exemplo, que foi basicamente um talk show, nesse aqui vemos realmente um documentário, com direito a depoimentos de atores, diretores, produtores, do próprio elenco, seja relembrando momentos nas gravações ou histórias de bastidores. A produção consegue mesclar depoimentos com cenas do filme ou filmagens referentes a situação em específico e cria uma narrativa mais imersiva, evidenciando momentos que moldaram o início de uma franquia cujo eles não imaginavam o impacto que teria.

É realmente delicioso ver os três protagonistas reunidos novamente, interagindo entre si ou dando seus depoimentos individuais sobre cada momento das filmagens, seja no começo, lá na hora das audições iniciais, seja no fim, na vergonha do beijo entre Emma e Rupert ou no show de lágrimas no momento da última filmagem. É evidente o carinho e a admiração que os três compartilham, o laço que jamais entenderemos fica claro ali, mais uma vez. 20 anos se passaram, mas, como eles dizem, não parece que passou tempo algum, eles ainda compartilham da mesma química invejável.

Apesar do documentário escolher focar em memórias boas e se afastar de polêmicas, principalmente da autora, há de ressaltar a importância que o documentário tirou para comentar brevemente da vida pessoal dos atores, que tiveram que lidar com uma fama absurdamente gigante em tão pouca idade, o peso que carregavam nas costas e a forma como compartilhavam do mesmo sentimento mas ainda assim se sentiam sozinhos. A humanização do trio tão enaltecido e reverenciado pelos fãs é importante para o entender a escolha de alguns em se afastar dos holofotes.

Alguns atores fazem falta pela sua ausência, como Robert Pattinson ou Julie Walters, que tem seus papéis mencionados em momentos importantes da trama. No entanto, o que dói é assistir o momento em memória daqueles que já nos deixaram. Em uma homenagem impactante, relembramos de Alan Rickman, Richard Harris, Helen McCroy e demais estrelas da saga que faleceram. É impossível não se emocionar ouvindo relatos do elenco a respeito dos atores, ver as filmagens pessoais e as cenas dos filmes, toda atmosfera criada pelo documentário é capaz de arrancar lágrimas do espectador.

A montagem do especial foi belíssima, com a presença do set de filmagem e efeitos especiais, eles conseguiram manter a magia que Harry Potter carrega, nos levando de volta ao universo, ainda que não tenhamos mais os personagens por ali. A trilha sonora ainda se mantém viva como uma protagonista essencial a saga, pontual e majestosa.

“Harry Potter: De Volta a Hogwarts” é um presente emocionante aos fãs, saber que mesmo após 20 anos da estreia do primeiro filme a magia continua viva entre os atores é algo especial. O fato de que Harry Potter foi tão acolhedor para os fãs como foi para o elenco causa identificação com o público e ainda enfatiza o fato de que a história é atemporal com a magia de ultrapassar gerações.

Nota: 5/5