CRÍTICA | “Belle” é a melhor adaptação de A Bela e A Fera já feita

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Belle é um filme de animação nipo-francês escrito e realizado pelo diretor Mamoru Hosoda (diretor de Digimon Adventure e animador de Sailor Moon), e produzido pelo Studio Chizu. A história é baseado no conto de fadas francês “La Belle et la Bête“, o famoso A Bela e a Fera, da autora Jeanne-Marie Leprince de Beaumont.

A animação teve sua estreia no Festival de Cannes de 2021 e foi aplaudida por 14 minutos após sua exibição (e com razão). Agora em 2022, a Paris Filmes trouxe a animação para o Brasil e a Tribernna foi convidada a participar do evento de exibição virtual do filme. 

Sinopse: 

Suzu é uma estudante de ensino médio de 17 anos que mora em uma aldeia rural com o pai. Por anos, ela foi apenas uma sombra de si mesma. Um dia, ela entra em “U”, um mundo virtual de 5 bilhões de membros na internet. Lá, ela não é mais Suzu, mas Belle, uma cantora mundialmente famosa. Ela logo se encontra com uma criatura misteriosa. Juntos, eles embarcam em uma jornada de aventuras, desafios e amor, em busca de tornarem-se quem realmente são.

U é um aplicativo com o que há de mais recente de tecnologia de compartilhamento corporal, que usa seus dados biométricos para criar seu avatar (AS) automaticamente, com características de personalidade que se transformam em físicas nesse ambiente virtual. U é uma outra realidade, AS é uma outra versão de você. Você não pode recomeçar na vida real, mas em U você pode ser uma outra versão de você mesmo, começar uma nova vida. Você pode mudar o mundo. 

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Todas essas possibilidades de U fazem com que Suzu, a protagonista, veja no aplicativo uma possibilidade de escapar da sua vida no mundo real e do seu trauma por ter perdido a mãe quando criança. A mãe de Suzu arriscou sua vida para salvar outra criança, só que infelizmente ela acabou morrendo afogada no processo. Suzu só tinha 6 anos e era muito ligada à mãe, que era professora de música, e a sua perda causou um trauma em Suzu que a fez não conseguir mais cantar e nem fazer nada relacionado à música. A tristeza e a raiva fizeram com que ela se afastasse até mesmo do próprio pai, vivendo afastada de tudo, menos da melhor amiga e super nerd Hiroka, a única pessoa que sabe que ela é Belle.

Em U, Suzu é Belle, seu avatar “perfeito”, com uma aparência perfeita angelical, e é através da imagem de Belle que ela consegue enfrentar seu medo e cantar de novo, usando suas próprias composições. Para surpresa de ninguém, Belle se torna rapidamente um fenômeno entre os quase 5 bilhões de usuários do U, apenas por cantar músicas que chegam ao coração das pessoas. Um dia, uma de suas apresentações é interrompida por uma perseguição da “polícia” de U ao Dragão, um usuário considerado problemático pelos “mocinhos” da plataforma.

O Dragão é mais forte que qualquer um, considerado perigoso e tudo o que seria a Fera da história de A Bela e a Fera. Suzu/Belle fica obcecada querendo saber quem ele é, mas como saber quem é um usuário entre 5 bilhões, onde todos eles são anônimos? É aí começa a busca de Suzu e Hiroka pelo verdadeiro Dragão.  

Belle e o Dragão. Foto Reprodução:Studio Chizu, 2022.

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A busca afasta Belle dos seus shows, enquanto ela passa horas e horas com o Dragão, tentando conhecer e descobrir quem ele é. Todas as cenas dos dois juntos é 100% A Bela e a Fera, da forma mais mágica possível e sem a Síndrome de Estocolmo existente na história original e nas adaptações anteriores, já que aqui o Dragão não sequestra a Belle, muito menos a força a estar com ele.

A descoberta da identidade do verdadeiro Dragão é a maior de todas as surpresas, já que dentre todas as suspeitas de Suzu e Hiroka, essa pessoa jamais foi cogitada. Além de descobrir quem é o Dragão, elas também descobrem que ele está em perigo e para descobrir como chegar até ele, Suzu abre mão do anonimato e canta como ela mesma pela primeira vez para de bilhões de pessoas. 

Belle é uma emocionante e delicada jornada pelo autoconhecimento, sobre como lidar com o luto e os traumas que ele gera, sobre compaixão e sobre enxergar a dor do próximo. É uma belíssima história musical e uma baita experiência visual, muito mais do que qualquer animação em 3D e muito diferente de outros animes, onde geralmente os personagens são extravagantes, falam muito alto, gritam o tempo inteiro e são espalhafatosos de uma forma totalmente irritante (anime, né?). Aqui é tudo mais calmo e introspectivo, como a própria Suzu.

É um dos melhores filmes de animação que já assisti, uma digna e atual adaptação da história original de A Bela e A Fera. Todos os elogios e os minutos de aplausos que essa animação recebeu em Cannes são justificáveis. 

No Brasil, a estreia oficial será em 27 de janeiro de 2022 nos cinemas.

NOTA: 4,8/5

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Autor do Post:

Jessica Rodrigues

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Darkzera do cerrado tocantinense, engenheira florestal, ilustradora botânica e médica de plantinhas; apaixonada por terror e romances boiolinhas, às vezes podcaster e, definitivamente, louca das plantas e dos gatos.

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