ENTREVISTA | Simpático, Igor Sotero explica inspirações para “Um Natal Cadavérico” e traça planos para 2022

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Um Natal Cadavérico” é um curto conto de mistério nacional, que mostra um Natal da família Fonrtes. A história é de autoria de Igor Sotero, de 24 anos. Pernambucano nascido em Recife, Sotero agora vive em uma cidade pequena chamada Amaraji, com pouco mais de 20 mil habitantes.

Estudante de Publicidade e Propaganda na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Sotero “rodou” um pouco antes de se encontrar na comunicação, mesmo sendo “rato de biblioteca” e criador de histórias desde pequeno. Influenciado pelos pais, quis fazer medicina. No entanto, na época do vestibular, mudou de ideia e entrou em Engenharia Eletrônica. Depois de um ano foi quando migrou para Comunicação.

Por gostar de ler sobre tudo, Sotero admite ter facilidade para escrever sobre diversos assuntos. Não à toa já escreveu um livro de fantasia infanto-juvenil, um de fantasia jovem, um romance e um de poemas. No entanto, o autor admite que gosta, ainda mais, de escrever mistérios, o que demonstrou em “Um Natal Cadavérico” – que já conta com resenha na Tribernna.

Sem mais delongas, confira como foi o bate-papo com Igor Sotero, o autor de “Um Natal Cadavérico”.

1 – De onde veio a inspiração para “Um Natal Cadavérico”? Como foi o processo criativo?

IS: Era dezembro de 2018, e acho que só com essa informação dá pra entender o tamanho da raiva que eu estava sentindo. Um político antidemocrático e que defendia todo tipo de violência contra minorias entrava mais uma vez na presidência do país depois de anos de certa “paz” em relação a isso. E o pior, que algumas pessoas da minha família tinham não apenas votado, mas apoiado de forma ferrenha. Acho que “Um Natal Cadavérico” veio muito dessa minha angústia de querer criticar a violência de uma forma que fosse bem gráfica e, de certa forma, fosse guiado na visão de uma criança. A gente vê muito a falácia do “e como vou explicar isso para meus filhos?” sendo usado como desculpa, então quis cutucar um pouco o que seria “explicável para uma criança” na minha metáfora. A gente já começa um conto com o corpo do tio caído e cheio de pessoas da família em volta, mas, em vez de querer saber, de fato, quem cometeu o crime, vemos as pessoas querendo apenas se livrar do fardo jurídico para que possam seguir em frente. Para isso, eu tinha que pensar em uma boa motivação para cada uma das personagens, então peguei caricaturas do ódio e as “personifiquei”. Tentei fazer com que cada personagem pudesse apontar o dedo para o outro, mas que, ao mesmo tempo, houvesse vários dedos apontados para eles. E é interessante pensar que estavam rodeados de crianças, dos filhos deles e queria muito que houvesse o questionamento “como eles conseguem explicar isso para elas?”, e o que me deixa muito orgulhoso é que muitas das resenhas que recebi ficaram abismadas mesmo com esse estranhamento. Não dá pra explicar o indizível quando ele é normalizado. 

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Mas, voltando um pouco para o processo, me lembro de estar bem perto para o Natal, minha família estava querendo se reunir e me veio a seguinte premissa “e se, numa ceia de Natal, aparecesse um corpo de um tio morto, qual seria a reação?”. É claro que nenhum personagem tem inspiração clara de ninguém da minha família, mas acho que o ponto era mesmo criticar a hipocrisia humana de querer se reunir e festejar o perdão quando se passa um ano inteiro atacando o próximo. Eu me lembro que comecei a escrever no dia 21 de dezembro e terminei o conto no dia 28. Minha primeira intenção era colocá-lo numa coletânea de contos e concorrer ao Prêmio Sesc de Literatura.

2 – O que foi o mais fácil e o mais difícil para você escrever?

IS: Sem sombra de dúvidas, escrever as partes mais pesadas foi bem difícil. Mas o mais difícil foi a carta final. Acho que por ela possuir um teor dramático, e que me pega algo bem pessoal, acabou se tornando a parte mais difícil de se escrever. 

O mais fácil, para mim, por incrível que pareça, foi fazer toda a estrutura do mistério. Os diálogos não foram fáceis, mas acho que colocar muito do subtexto das tramas secundárias de forma a se encaixar no mistério central tornou tudo bem prazeroso de se escrever, portanto fácil de continuar escrevendo. Acho que todo o tom de fofoca ajudava muito a querer continuar escrevendo e deixava todo o processo mais fácil.

3 – Há possibilidades de explorar ainda mais o universo da conflituosa família Fontes?

IS: As pessoas vêm me perguntando isso bastante desde que lancei o conto e também cheguei a me questionar muito sobre isso. Acho que isso vem muito de querer entender, de forma mais aprofundada, sobre motivações e, sobretudo, conseguir ficar mais tempo com as personagens (que são muitas para um conto pequeno). Mas, depois de pensar mais a respeito, cheguei a conclusão de que agora, ou num futuro próximo, não tenho intenção de escrever mais sobre a história da Família Fontes. Eu penso que ela participou da minha vida de escrita com um propósito de contar um retrato bem específico, com um foco bem delimitado, e fazer essa crítica social. Eu me orgulho muito de ter escrito esse conto e; toda vez que paro para refletir sobre escrever mais sobre ele; me vem à mente que eu tenho TANTAS histórias para escrever, tantas personagens para desenvolver e a Família Fontes já cumpriu o propósito para o qual eu os criei, e sou muito grato por isso. Acho que entrar em processo de escrita sobre eles para um romance seria pouco vantajoso para mim no momento… mas é claro que isso não se aplica na escrita de um roteiro sobre a história hahahahaha.

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4 – Quais os próximos passos do escritor Igor Sotero?

IS: Olha, eu não sei exatamente quando essa entrevista vai ao ar, mas no momento estou prestes a lançar pré-vendas que vão ser bem importantes. Para esse ano, eu tenho previsto lançar um conto de romance entre dois homens bem clichê, numa pegada bem diferente de “Um Natal Cadavérico”, que eu escrevi lá em 2019. Eu também quero lançar, ainda neste primeiro trimestre, um livro de poesia. Meu objetivo com eles é deixar que as pessoas consigam me conhecer e se conectarem com minha escrita. Mas, meu objetivo mais ganancioso, é lançar meu romance, que foi escrito há alguns anos e já está até revisado profissionalmente. Queria muito poder lançar esse meu romance ainda nesse semestre, mas isso depende de alguns fatores internos.

Então, eu acho que, talvez, meu nome seja algo que vocês escutem falar nos próximos meses. Ah, e é claro que continuo escrevendo. Quem sabe no próximo ano eu termine outro romance e vocês consigam ver outro livro meu publicado, hahahaahaha. De qualquer forma, é só me seguir nas minhas redes sociais (sobretudo no meu Twitter @theigorst e meu Instagram @igorsotero) para saber mais dos meus próximos passos hahahahaha. E, quem sabe, eu dou outra entrevista aqui contando mais também… 

Mas, de qualquer forma, acho que meus próximos passos são, de fato, publicar muito do que eu já tenho escrito e tinha medo de soltar pro mundo, conseguir me conectar melhor com meus leitores e conseguir ser agenciado. Acho que esses são os meus próximos passos como escritor. Aliás, desejo um bom e saudável 2022 para todo mundo, acho que, falando em futuro, é bom desejar tudo de bom nesse ano, pois ele promete. 

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Muito obrigado pela conversa e pela oportunidade de falar mais sobre “Um Natal Cadavérico”. Acho que esse espaço para autores independentes e iniciantes é tão gostoso para podermos falar mais sobre nossas histórias… e pode perceber que eu falo pelos cotovelos hahahaha. Um beijão a todes!

Autor do Post:

Henrique Schmidt

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O louco dos livros, filmes, séries e animes. Talvez geek, talvez nerd, talvez preguiçoso, mas com certeza jornalista

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