RESENHA | “Missão Romance” expande o universo do Clube do Livro dos Homens com uma dose extra de drama

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Após 2 anos do lançamento do primeiro livro dessa saga, Lyssa Kay Adams trouxe de volta o meu clube literário favorito, composto por homens apaixonados, seja pelos livros ou por suas esposas, Missão Romance  ganha uma abordagem diferente em sua história, o nascer de uma história de amor cultivada em meio a uma caçada rumo à justiça (e um grande exposed).

A comédia romântica publicada no Brasil pela Editora Arqueiro, agora soa mais como uma dramédia, trazendo o retorno de Mack, o único solteirão do grupo de amigos, o nosso último romântico com sede de viver sua própria história de amor. Com uns tropeços e tombos em seus breves relacionamentos, ele acaba tendo sua vida de encontra com a de Liv, sim, a irmã de Thea — a protagonista do livro anterior. A jornada dos dois é recheada de clichê romântico, então espere: love x hate, segredos do passado, mentiras sendo reveladas em momentos nada propícios, brigas de bar e o pilar de todos eles: a incapacidade de expressar os seus sentimentos.

Há uma grande diferença deste livro para o seu antecessor. É possível ver que a história ganhou mais maturidade e uma certa seriedade, sem tirar a sua leveza característica, que se dá por muitas das vezes através dos diálogos entre os protagonistas. 

O foco do livro não é o romance em si, por mais que esteja estampado em grandes letras vermelhas na capa do livro, a trama principal carrega a intensidade da caçada a um predador sexual. Inspirada pelo movimento #MeToo (que expôs abusadores em Hollywood), Adams conseguiu criar uma narrativa envolvente e importante para os diferentes pontos de vistas da mesma história. O ponto em que essa história se destaca das demais que propõem o mesmo tema é a atenção extra na criação de personagens que estejam em lugares diferentes da mesma história, aqui temos as vítimas do abuso, a testemunha e alguém que já viveu um abuso no passado buscando alguma espécie de redenção pessoal.

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Quando se dá mais de uma perspectiva sobre o caso é possível destrinchar as qualidades e defeitos de seus personagens, os tirando do pedestal de protagonistas imaculados e abrindo espaço para um debate sobre julgamentos, vulnerabilidade e empatia.

Apesar deste ser o ponto principal do livro, é claro que a trama não deixaria de explorar em seu andamento o romance entre Mack e Liv. A paixão em combustão, nascida de um acidente, movida por uma tensão sexual e muito sarcasmo, os dois compartilham uma química imbatível, rendendo cenas de tirar o fôlego, bem escritas, exploradas e fluídas. Conseguindo ter, inclusive nas partes mais quentes, uma narrativa capaz de enlaçar o leitor até as páginas finais.

Em Missão Romance temos uma quebra de más primeiras impressões (caso você tivesse alguma), principalmente com Mack que demonstra ao longo das páginas ser mais que um rostinho bonito. É impossível não se apaixonar por Mack, Adams exala uma habilidade invejável ao criar personagens masculinos apaixonantes, com a dose de humor certa, Mack é irresistível e é perfeitamente compreensível porque todas caem em seu charme. E o melhor de tudo é isso não se dá pela sua aparência e sim pelo seu coração.

Já Liv, acho que serei um pouco apedrejada, mas ela é definitivamente uma das protagonistas que menos gostei na minha vida de leitora. Apesar de seu papel ser bastante similar à Thea, os jogos que ela fazia para não se apaixonar soava cansativo e infantil por muitas das vezes. Os dois não compartilhavam de um relacionamento longo ou plantado em terra firme como Thea e Gavin, por isso não faz sentido Mack ter a necessidade de lutar por algo que ele estava apenas começando a conhecer. Bem como a necessidade de Liv na honestidade em sua forma mais pura, quando nem mesmo ela fornece isso em retorno. 

O que mais senti falta em Missão Romance foram os trechos do livro conforme a história se avançava. Em Clube do Livro dos Homens, conforme Gavin avançava em seu desenvolvimento pessoal e encontrava obstáculos em sua jornada, o livro estava presente dentro da trama para auxiliá-lo. Como Mack é um leitor ávido, senti falta desse elemento na escrita de Adams — que foi um dos que me fez amá-la —, talvez isso solidificasse mais a história de Mack com livros e sua relação com eles quando relevada ao fim.

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Por outro lado, neste novo arco Adams me surpreendeu em ampliar seu circulo de personagens, dando destaque aos membros do clube que não tiveram muita participação no anterior, neste podemos conhecer mais da personalidade de cada um e se apaixonar por eles, principalmente pelo Russo, ou Vlad, que serve de um alívio cômico surpreendentemente incrível.

Lyssa Kay Adams nos agracia quando explora com excelência o nascer de um romance através de uma discussão necessária, a respeito de abusos, seja de poder ou de suas outras formas. Criando personagens vulneráveis, passivos de erros, a narrativa aproxima mais o leitor da história, criando um vinculo e, gradativamente, alimentando uma emoção arrebatadora ao fim do livro — que encerrou em um clichê brega dos grandes, QUE EU AMEI.

Missão Romance,  o segundo livro de Clube do Livro dos Homens, retorna com a leveza da redescoberta de sentimentos, uma jornada de auto conhecimento e aceitação do passado para um futuro livre de mágoas. A leitura continua leve e fácil de ser consumida, apesar de ter uma dose extra de drama, com uma investigação em andamento além de discussões necessárias, o romance ainda se faz presente o que colabora para uma leitura gostosa e envolvente. 

Por fim, gostaria de agradecer a Editora Arqueiro que notou a Tribernna após a nossa resenha do primeiro livro (que você pode conferir aqui) e nos enviou um exemplar do livro (vem ver o unboxing)!  Obrigada mais um vez, graças a vocês que eu pude novamente mergulhar no mar de emoções escritas por Lyssa Kay Adams, e enfim, matar saudades do meu clube literário favorito. 

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Autor do Post:

Ludmilla Maia

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25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.

Um dia eu te conto o que significa o nome “Tribernna”.

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