CRÍTICA | “Filhos do Privilégio” nada, nada e não morre na praia, pois nada acontece

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Uma das estreias da Netflix no mês de fevereiro foi o alemão “Filhos do Privilégio” (“Das Privileg – Die Auserwählten”, no original), dirigido por Felix Fuchssteiner e Katharina Schöde. Com um início rápido e prometendo muito, o filme não faz o menor esforço para ser algo a mais, caindo em clichês, apresentando “mais do mesmo” e não levando adrenalina aos espectadores.

O problema nem é, ao menos, os clichês, mas a forma como eles são apresentados. Em diferentes momentos é possível enxergar a clara inspiração em outros filmes de terror. Em determinada parte, lembra “Sobrenatural” (“Insidious” no original), dirigido por James Wan. Em outro momento, é clara a inspiração no filme “A Cura” (“A Cure For Wellness”, no original), do diretor Gore Verbinski, e em “Corra” (“Get Out”, no original), dirigido por Jordan Peele, entre outros.

O filme claramente buscou base em outras produções de terror conhecidas e populares, com a qualidade aprovada pelo público de uma forma geral. No entanto, mesmo entrando em um território, digamos, “seguro”, tentando não se arriscar, “Filhos do Privilégio” não segue em frente, não apresenta novidades, não agrada e mal entretém, diferentemente das suas inspirações.

Filhos do Privilégio

Outro problema que o filme apresenta é a dificuldade de decidir por qual caminho gostaria de seguir. Se ora ele tenta ir pelo caminho do terror psicológico, minutos depois ele busca explorar o horror clássico, mesmo não tendo um mísero jump scare pra chamar de seu. Esse demora em definir qual gênero do terror iria seguir prejudica a produção, que varia entre ruim e mediana, nunca atingindo o potencial que o início prometeu.

Fora isso, que péssima conclusão de enredo, hein? “Filhos do Privilégio”, por pior que possa parecer, até tenta apresentar uma boa história, explorando a ideia de teoria da conspiração e contando com um elenco jovem e promissor. No entanto, o enredo não é bem desenvolvido, há furos, pressa e péssimos efeitos visuais. Até porque, o que seria aquele “demônio”? Sério? Triste.

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Ademais, há uma possível problemática na produção – eu, particularmente, não gosto de levar essa problemática em frente por se tratar de um filme de horror ficcional. No entanto, ela precisa ser apresentada. O protagonista do filme, Finn, interpretado por Max Schimmelpfennig, teve um grave trauma na infância e faz tratamento para lidar com aquela situação até a sua adolescência, momento no qual o longa-metragem acontece.

O tratamento consiste em terapia, claro, e no uso de medicamentos. É aí que está a problemática do filme, na questionável demonização do remédio para tratamento psiquiátrico. Em um momento que uma significante parte da população mundial apresenta uma saúde mental debilitada, enfrentando uma pandemia que já dura quase dois anos, talvez não fosse a melhor hora para estrear um filme que tem, como uma das armas, um remédio inovador de uso psiquiátrico. Principalmente levando em conta a constante atividade dos grupos antivacinas, que questionam a ciência sem apresentar nenhuma base científica.

Se como entretenimento o filme não agrada, a parte técnica dele é pior ainda. A direção não consegue desenvolver bem o enredo, os efeitos visuais são fracos, a trilha sonora não convence em nada, a ambientação é bastante discutível e o principal mistério da produção é revelada cedo demais. No entanto, ao que tudo indica, poderá ter uma continuação, pois há ganchos para isso.

Apesar disso, no meio de um monte de erros, o filme tem um grande acerto: fazer o telespectador questionar a sanidade do protagonista. Se em alguns momentos temos certeza que o personagem está correndo perigo, sendo assombrado, em outros acreditamos que ele está delirando, perdeu a cabeça, foi consumido pelos seus traumas e está vendo coisas que não existem.

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No geral, “Filhos do Privilégio”, que conta com um excelente nome em português e uma sinopse interessante na Netflix não sai do lugar. Se tem filmes que apenas o trailer é bom, vide o primeiro “Esquadrão Suicida”, há filmes que apenas o nome e a sinopse são bons. “Das Privileg – Die Auserwählten” é um destes casos.

NOTA: 2,3/5

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Autor do Post:

Henrique Schmidt

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O louco dos livros, filmes, séries e animes. Talvez geek, talvez nerd, talvez preguiçoso, mas com certeza jornalista

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