CRÍTICA | “Terapia do Medo” faz uma sessão de tortura com o espectador

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Chegou neste mês no catálogo da Netflix a produção de terror nacional dirigida por Roberto Moreira e estrelado por Cleo Pires. “Terapia do Medo” traz Pires em dose dupla, interpretando duas gêmeas em uma história que tem como ideia geral algo bem promissor, mas que ao executar falha miseravelmente.

O filme aborda a história de Clara (Cleo Pires) que parece sofrer de algum distúrbio desconhecido e, após tentar todos os tipos de ajudas possíveis, recorre a hipnose. No entanto, isso acaba desencadeando uma série de eventos sobrenaturais, que envolvem sua irmã gêmea Fernanda (Pires) e seu médico Bruno (Sergio Guizé).

No geral, a história é confusa demais. Se você ler a sinopse oficial do filme (não é a que eu escrevi acima), você vai achar que ele está descrevendo outro filme, porque a intenção teórica e o que foi posto em prática são dois polos extremamente distintos. Esse é um dos maiores defeitos do filme, ele não consegue ser claro o suficiente. A trama vai inserindo enredos e pistas que ao fim não ganham desfecho algum, como se o diretor e roteirista Moreira quisesse inserir diferentes tipos de elementos característicos dos filmes de terror em um filme só e não desse conta.

A trama começa com Clara pedindo ajuda médica por ter um grave problema desconhecido e já engatam a trama sobrenatural, sem nenhuma ligação concreta, já que para fazer sentido lógico na trama, a entidade sobrenatural cria uma conexão muito tempo depois quando ela vai seguir o tratamento imersivo com o médico, porém isso já começa nos primeiros minutos do filme. Ao fim, quando você acha que a personagem se curou, ela ainda tem o mesmo problema, ela ainda ouve vozes e sussurros. Então, o filme não deixa claro se a personagem realmente carrega consigo uma condição médica que precisa ser tratada ou se ela é algum tipo de receptora de espíritos. 

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O desempenho de Cleo Pires não é dos melhores, foi imposto a atriz um dos papéis mais difíceis, ao meu ver, em produções visuais: ser duas versões diferentes de você ao mesmo tempo, ou seja, gêmeos, e infelizmente ela não conseguiu atingir o objetivo desejável. Vale mencionar que ser gêmeos não se restringe, na maioria das vezes, a ser idêntico de aparência, mas as personalidades, vozes, jeito de andar e demais características são individuais dos irmãos. Por muitas vezes parecíamos estar vendo a mesma versão da Cleo em ambas irmãs. A caracterização, que fez o trabalho de dar singelas mudanças, não foi o suficiente para trazer algo mais agradável e crível para a trama.

No entanto, não tem como negar que o plot twist do final foi realmente bom e surpreendente. Apesar do filme ser arrastado e não ter uma narrativa interessante, ao fim ele consegue surpreender, com um novo núcleo que entregou atuações até mais convincentes do que o núcleo principal. 

Infelizmente uma reviravolta ao fim não é o suficiente para transformar “Terapia do Medo” em um filme minimamente bom. As quase 1h30m de duração de filme são como uma sessão de tortura ao espectador que luta para manter sua atenção a uma história monótona e sem um apelo do gênero que funcionasse. O que é uma pena, já que a premissa inicial é interessante, as surpresas são boas, mas todo resto parecia deslocado. 

Nota: 1,8/5

Autor do Post:

Ludmilla Maia

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25 anos. Criadora e uma das fundadoras da Tribernna, escrevo pra internet desde 2016. Amo podcast como amo cultura asiática e heróis. Nas horas vagas, concurseira e bacharel em direito.

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